Em épocas de incerteza, a ciência deve assumir seu papel e se transformar, mais uma vez, em um farol que aponte a direção correta. A atual pandemia do CoronaVírus acentua essa responsabilidade, mobilizando milhares de pesquisadores em todo o mundo à procura de soluções para salvar vidas. E, aos poucos, as soluções vêm aparecendo.
Empresas gigantes disponibilizam recursos e informações para que universidades e centros de pesquisa tenham acesso a dados e consigam mapear o contágio, criando cenários para estudar a disseminação do vírus. Esses cenários permitem que governos em diversos níveis tomem precauções e diminuam a velocidade de propagação, evitando (ou ao menos atrasando) um eventual colapso do sistema de saúde.
O compartilhamento de datasets com casos de infecção ajuda cientistas a entender como o vírus atua no organismo e contribui para avaliar o efeito de medicamentos. Da mesma forma, esses dados permitem construir diferentes modelos para simular diversas situações, como o mecanismo de alastramento da COVID-19, a curva de pessoas que se recuperam (ou morrem), a predição dos tempos de incubação, contágio e recuperação da doença e outros modelos matemáticos e estatísticos. Os datasets também são fundamentais para desenvolver simulações com ferramentas de inteligência artificial e testar novas abordagens médicas, reduzindo o tempo necessário para encontrar novas e mais eficazes drogas contra o vírus.
O Instituto Modal construiu um painel com o mapeamento diário dos casos confirmados, mortes e recuperados no mundo. A abordagem é exploratória e está sendo construída on the fly, ou seja, ao mesmo tempo em que novas informações são disponibilizadas. O acesso é livre e está disponível em https://institutomodal.org.br/painel-covid-19-no-mundo/.
Governos e empresas vem se mobilizando para alavancar e promover iniciativas no combate à pandemia do COVID-19. Recursos financeiros públicos e privados têm sido disponibilizados na forma de chamadas públicas, hackatons, editais para projetos e outras iniciativas para viabilizar mais soluções e tirar do papel ideias que poderão salvar vidas.
Ainda estamos distantes de uma solução definitiva para essa crise de saúde. No entanto, há pontos positivos. Paradoxalmente, o primeiro talvez seja a evidenciação de que o mundo não está preparado para esse tipo de situação, e talvez isso comece a mudar. No meio de tanta incerteza, também encontramos esperança nas maneiras pelas quais as pessoas mostram o seu melhor: a compaixão e a solidariedade de vizinhos que se dispõem a fazer compras para idosos; universidades e escolas que passam a oferecer cursos gratuitamente durante a quarentena; distribuidoras de conteúdo de televisão que liberam o acesso a seus canais pagos; indústrias que redirecionam suas linhas de produção para fabricar álcool em gel, máscaras de proteção e até respiradores para doação a hospitais; e muitos outros exemplos em que o ser humano mostra seu melhor lado.
Ainda temos um longo caminho até que a vida volte a algo próximo do normal. Nos próximos meses continuarão sendo necessárias medidas preventivas, mas também haverá avanços científicos e novas abordagens em níveis local e global. Provavelmente o mundo que surgirá depois do CoronaVírus será o mesmo em diversos aspectos, mas muito diferente em outros. Esperamos que essas diferenças ajudem a evitar uma possível COVID-20, 21, 22…